Inferno – A Divina Comédia

Photo credit: geoffjkim via Visual Hunt / CC BY-ND
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Acabei de ler o “Inferno” de “A Divina Comédia” de Dante (Editora 34, tradução de Ítalo Eugênio Mauro, 1ª Edição).

Abaixo, compartilho com vocês algumas constatações que tive ao longo do livro:

– Foi o livro mais difícil que já li na vida (sem as notas dos editores e dos tradutores, não teria entendido muita coisa ou demoraria mais alguns anos para entender o que entendi);

– Dos livros que já li, com certeza foi o mais difícil de escrever – virei FÃ do Dante;

– INCRÍVEL alguém ter escrito uma obra dessas em pleno século XIV. Várias vezes eu parava de ler e gritava para minha esposa: “Janine​, IMPOSSÍVEL esse livro ter sido escrito em 1300: ele é atual demais!”;

– É uma obra que abrange uma gama enorme de conhecimento: o Dante mistura história (fatos históricos e crenças/boatos/factoides) com mitologia grega e romana, religião (principalmente judaica e cristã, com foco na católica), filosofia (Virgílio, Sócrates, Platão, Aristóteles, entre vários outros) e ciência (principalmente aristotélica);

– O Dante defende a ciência e fala abertamente mal da Igreja Católica, ainda na “Idade das Trevas” (perto de seu fim) e não foi pra fogueira por isso… Por que será? Ah, ele era rico, poderoso e tinha apoio de um grande exército (defensor dos Guelfos Brancos, que inclusive perdeu a guerra contra o exército que apoiava o Papa em Florença – Guelfos Negros – e teve que se retirar para o exílio. Morreu em Ravena, acredita-se que de malária, aos 56 anos de idade – pesquisa minha);

– Dante não faz qualquer menção no livro à homossexualidade (ou se faz, não achei – e eu estava procurando), sendo que essa ausência indica que ele não condenou a homossexualidade como pecado, o que achei extremamente evoluído;

– Dante coloca todo o alto clero da Igreja Católica no inferno e coloca também muitos amigos pessoais dele (já falecidos na época em que escreveu a obra). Dá pra dizer que ele é bem imparcial nas condenações, porque as faz com base nas ações das pessoas em vida (ressalva: relatadas por ele mesmo, é claro) e na codificação de ofensas/pecados que ele definiu para a divisão do inferno.

 

Ler o “Inferno” de Dante foi uma experiência que me trouxe muita humildade. Principalmente porque me dei conta de que em 1300 já tinha uma pessoa escrevendo de forma extremamente complexa sobre ideias que eu considerava “modernas” (achava que eram muito novas e que só as gerações mais recentes estavam pensando nisso – SABE NADA INOCEEEEEENTE!!!).

 

Avaliação: apesar da leitura dificilíssima, recomendo fortemente a todos os entusiastas dos assuntos mencionados acima e àqueles que desejam se aventurar no universo da poesia e dos cantos. Recomendo muita perseverança na leitura até para os mais sazonados. É uma obra histórica que tem peso equiparável (na avaliação de historiadores e letristas) ao de grandes obras religiosas como a Bíblia e o Corão.

 

Por Luiz Augusto Ferreira Araújo

2 comentários sobre “Inferno – A Divina Comédia

  1. Realmente é divina esse comédia!! Mas vc sabe que o correto é “Comédia” e não “a divina comédia”, de qualquer jeito por os coras no inferno foi ótimo! Uma vingança eterna, posto que nem todos entendem suas sátiras!! DI-VI-NA mesíssimo!!
    ABÇ
    Rosy Barberi

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